Autor: Rodrigo Portillo

  • Conhecendo o Adobe Capture CC

    Conhecendo o Adobe Capture CC

    Você conhece o Adobe Capture CC? É um aplicativo mobile criado pela a Adobe que permite capturar informações do mundo real para serem usadas dentro de sua biblioteca da Adobe.

    Ele é a união do Adobe Color CC (antigo Kuler), Shapes, Brushes e Hue em um único aplicativo, porém com melhorias consideráveis.

    Através do Capture CC você pode criar novos pincéis, vetorizar desenhos reais, criar paletas de cores e filtros para fotos. Os objetos gerados são compartilhado a partir da biblioteca do Adobe Creative Cloud e pode ser utilizado em programas como Photoshop, Illustrator, InDesign, Premiere e outros, além dos apps móveis.

    O Adobe Capture CC está disponível para iOS e Android para todos que possuem a suite Adobe profissional ou estudante.

  • Fidelizando as Cores de Impressão

    Fidelizando as Cores de Impressão

    Quem nunca imprimiu uma cor e apareceu outra completamente diferente? Cada dispositivo possui um modo diferente de interpretar as cores. Este artigo foi feito para explicar como funcionam as cores e como garantir uma melhor fidelidade entre tela e impressora.

    Existem várias formas no mundo de se gerar cores. É possível misturar tinta, luz ou simplesmente causar uma ilusão de ótica por aproximação. Quimicamente, aprendemos, ainda no pré-escolar, o conceito de cores primárias, onde misturamos o azul, vermelho e amarelo para ter as cores secundárias e terciárias. Todavia, o conceito de cores primárias mudam de acordo com o meio em que a cor vai ser exibida. Para compreender quais são esses modos de cor, precisamos primeiro entender como funcionam os principais dispositivos usados por designers gráficos, para geração de cores, os monitores e as impressoras.

    Cores Primárias nas tintas

    Monitores

    A grande maioria dos monitores e displays LCDs usados hoje em dia ainda trabalham da mesma forma, mas com tecnologias diferentes que foram sendo implementadas conforme a evolução tecnológica e barateamento dos custo de produção. Basicamente, tratam-se de filamentos de metal acomodados em uma grade matricial. Cada campo dessa matriz possui 3 partículas de cristais líquido, que ao serem eletricamente estimuladas adquirem a característica de absorção de uma determinada área do espectro de luz e se solidificam, deixando vazar o restante. Cada uma das 3 partículas é responsável por deixar passar um pedaço do espectro, baseado no que chamamos de cores primárias da luz, que são vermelho, verde e azul (RGB). Aumentando ou diminuindo a solidificação, mais luz ou menos luz é absorvida. Porém, o cristal líquido não emite luz própria e, por isso, precisa ser retro-iluminado por uma luz branca, que vai ser filtrada por pelo LCD.

    Lembrando que essa é um explicação bem simplificada e o que diferencia na qualidade das cores, hoje em dia, é o tipo de retroiluminação. Aí se é OLED, AMOLED, IPS, é uma outra história.

    LCD visto de Perto

    Impressoras

    As impressoras, diferente dos monitores, jogam tinta (ou produzem tinta a partir de pigmentos) em pontos muito, muito próximos, mas não chegam a misturar os pigmentos (a não ser que ele sobreponha uma tinta na outra, mas isso não é bem misturar). Esses pontos, chamados de retículas, são fixados no papel (ou no material escolhido), que de tão próximos faz parecer que eles formam outra cor. Isso funciona porque a luz do ambiente, quando bate nesse pigmento, absorve um intervalo do espectro de luz e reflete outro. Esse intervalo chega aos olhos e são interpretados. As cores básicas para impressão são ciano, magenta e amarelo, que, por justamente ser reflexão e não emissão, são as cores secundárias do RGB (e vice-versa). Todavia, como os tons não emitem feixes, mas sim os refletem, eles acabam sendo mais fracos que as cores dos monitores, dependendo da quantidade e tom de luz do ambiente para prover uma boa leitura. Quando colocamos pontos cianos, magentas e amarelos próximos, temos uma sensação amarronzada, meio acinzentado escuro e, por isso, é necessário um complemento de pigmento preto, tornando o conhecido CMYK (onde K, outrora chamado de Bk, é uma letra usada para se diferenciar do Blue, representa o blacK).

    Meio Tom em CMYK

    Concluímos dessa forma que os monitores trabalham com modelos de cores aditivos (geralmente o RGB), por adicionar luz, e o impresso com modelos de cores subtrativos (geralmente o CMYK), por retirar luz.

    Deixar RGB para monitor e CMYK para impressão é suficiente para fidelidade das cores?

    A resposta é não. Isso porque você deve levar em consideração diversos outros fatores. Cada aparelho é de uma marca diferente e possui uma tecnologia diferente e ainda é calibrado de uma forma diferente. Essa forma diferente de calibração acaba causando diferenças que muitas vezes comprometem o resultado do trabalho.

    O designer deve, em primeiro lugar, calibrar o sue monitor. Essa calibração é feita de forma pessoal, e depende do ambiente em que você trabalha e da capacidade de seus olhos de interpretar as cores. Para fazer a calibração, geralmente usa-se um aplicativo próprio do sistema operacional. Essa calibração gera um arquivo icc, ou icm, que é conhecido como Perfil de Cores.

    Calibração de Cores no Mac e Windows

    Gamut de Cores

    Cada aparelho possui um perfil de cores padrão. Se você abrir agora o gerenciador de cores do sistema operacional, poderá ver alguns perfis de cores configurados. Isso é necessário porque cada equipamento tem uma quantidade diferente de cores que pode gerar / interpretar, dependendo de sua tecnologia. Essa quantidade de cores é representada em um mapa de cores o qual chamamos de GAMUT. Que não somente são diferentes entre si por quantidade, mas também por capacidade de exibição de determinadas cores. Por exemplo, o gamut CMYK, por padrão, é menor do que o RGB, mas possui uma quantidade muito maior de variações de amarelo do que o modelo aditivo. O que usamos para atingir esses tons que estão fora do gamut do CMYK, e até do RGB, na impressão, é a adição de Cores Especiais, que são tintas ou pigmentos fabricados com uma cor específica e, geralmente, somados ao CMYK.

    Gamut - Comparações

    Porém, essa diferença de cores gera uma problemática muito grave que é a diferença absurda de cores entre dispositivos diferentes, mesmo que seja do mesmo modelo. Para web, por exemplo, quando queremos que todos os monitores exibam as cores mais próximas possíveis do planejado, utilizamos as Cores Seguras, que, por conta dessa necessidade, acaba por diminuindo ainda mais o gamut de cores utilizáveis.

    Web Color Safe

    Fidelidade de Cores

    Para garantirmos uma melhor fidelidade de cores na impressão, precisamos configurar o nosso dispositivo de produção para que tenha o mesmo perfil de cores que o dispositivo de impressão. Ou seja, precisamos configurar o gerenciamento de cores de nosso software de edição gráfica com o perfil de cores da impressora. Obviamente que precisamos saber, enquanto estamos produzindo o material finalizado, em qual gráfica será impresso. Para conseguir esse arquivo, o melhor é você ligar para a gráfica

    – Gráfica Enrolada, bom dia! Em que posso ajudar?

    – Olá, eu gostaria de saber qual o procedimento para impressão e se vocês podem me mandar o perfil de cores.

    – Ah, um momento que vou perguntar para o pessoal de produção.

    (música de Beethoven)

    – Senhor, é só enviar em CMYK mesmo.

    – Não, não, amiga, estou querendo saber qual o perfil icc, queria que vocês me mandassem para eu poder trabalhar melhor nas cores.

    – Um minuto, Senhor.

    (música de Beethoven)

    – É isso, mesmo, CMYK.

    – Tá OK, obrigado.

    Se isso acontecer com você, troque de gráfica. Se por acaso for uma gráfica parceira, vá até lá e explique o que é um perfil de cores. Muitas vezes, esses perfis de cores são geradas durante a calibração da impressora e podem mudar de calibração para calibração e até com a marca da tinta/pigmento que a gráfica utilizar.

    Todavia, pode acontecer de gráficas seguirem padrões. Nas configurações dos aplicativos Adobe, vocês poderão ver padrões de perfis de cores CMYK, como FOGRA 39, US WebCoated, dentre outros. Se a gráfica mandar o perfil de cores, vocês devem carregar o perfil de cores CMYK em seus softwares gráficos para finalizar as imagens, se elas indicarem um padrão, basta selecionar qual padrão ela pediu. Atenção que vocês devem também configurar também o Cinza, para garantir a fidelidade de preto, de acordo com as indicações da gráfica. Lembre-se de também atribuir o perfil de cor RGB de seu monitor (ou o que você calibrou), caso esteja trabalhando com um impresso.

    Photoshop - Configurações de Cor

    Perfis de Cor Incorporados

    Arquivos de imagem possuem perfis de cores incorporados, por padrão. Então, quando forem utilizar um software gráfico de impressão, vocês devem incorporar o perfil que está configurado no aplicativo ao arquivo. Quando você incorporar (ou converter) para o perfil de impressão, na mesma hora o software irá reconfigurar a calibração de cores e se adaptará ao do perfil, mudando as cores da imagem, tornando-a mais próxima possível ao resultado impresso.

    A imagem deve ser finalizada já com o perfil incorporado, fazendo as adaptações necessárias nas cores e luminosidade.

    Comparação de Perfil de Cores CMYK

    Incorporações de Perfis na Exportação do InDesign

    Uma vez com seu arquivo finalizado e todos os perfis de cores configurados nas imagens que serão utilizadas pelo InDesign, a exportação para PDF (que é o mais comum) também deve se atentar a incorporação do perfil de cores. Ao exportar, na guia Saída, deve-se marcar para converter em destino. Essa opção não é 100% necessária, se você configurou corretamente antes o InDesign enquanto trabalhava, e os arquivos de imagem já tem incorporados os perfis, mas é uma segurança a mais que tudo vá correr bem. O destino escolhido, obviamente, deve ser o perfil CMYK que foi enviado / recomendado pela gráfica. Por padrão, o InDesign já deixa marcado para incluir o perfil, o que, obviamente, é o mais recomendado de se fazer.

    Exportação em PDF - Cores - InDesign

    Concluindo

    Se você busca fidelidade nas cores de impressão, fique atento a manter sempre o seu monitor calibrado e bem configurado. Se usa Windows, lembre-se que o monitor deve ser instalado ou reconhecido, nada de Monitor Plug And Play. Faça regularmente calibragem no seu ambiente de trabalho e sempre incorpore os perfis de cor enviados / recomendados pela gráfica em seu material impresso.

    Lembre-se que a cor é essencial para um projeto gráfico, e para atingir o resultado esperado, você precisa planejar e reconhecer muito bem a cor.

  • Introdução ao Adobe Character Animator

    Introdução ao Adobe Character Animator

    O Adobe Character Animator é uma nova Ferramenta da Adobe que tem por objetivo facilitar a criação de animação de personagens 2D. Ela funciona tanto como extensão ao AfterEffects quanto em um aplicativo separado.

    Para criar as animações, é utilizado um sistema de reconhecimento facial que detecta os detalhes do rosto e os converte em pontos de controle. Esses pontos são importados para uma personagem feito a partir de camadas do Photoshop ou do Illustrator e, com um conjunto de informações pré-estabelecidas pelo animador, gera o movimento na imagem. A voz também é importante para essa animação, pois o sistema de reconhcimento de som detecta as vogais que podem ser relativadas a diferentes aberturas da boa da personagem.

    Algumas pessoas que são inscritas no programa de pre-release e beta receberam o convite para testar as builds de pré-lançamento do Projeto Animal (codenome do projeto). Nós recebemos esse convite e a primeira coisa que fizemos foi verificar as permissões do que podemos divulgar.

    Como o projeto foi divulgado oficialmente no dia 8 de Abril de 2015, já podemos divulgar bastantes coisas, inclusive tutoriais, vídeos explicativos, exemplos e os resultados finalizados.

    Então se quer saber dicas, tutoriais, ou se simplemente tiver alguma pergunta, deixe aqui um comentário que faremos mais vídeos e fotos explicativos sobre o Projeto Animal, da Adobe.

    Introdução ao Character Animator

    Tutorial Character Animator Básico

  • O Número de Ouro e sua Aplicação em Design

    O Número de Ouro e sua Aplicação em Design

    Geometria Fractal

    Já pensou que retas paralelas podem se encontrar?

    Quando aprendemos tipos de imagem, no design gráfico, duas representações gráficas costumam ser estudadas: A matricial, que consiste em um mosaico de pontos muito próximos, compondo uma imagem, e a imagem vetorial, que são equações que geram pontos (âncoras), que são ligados através de retas e curvas, em um plano, usando geometria cartesiana. Todavia, há uma outra forma de representar a imagem de forma computacional, uma forma pouco estudada em cursos de design gráfico, mas bem conhecida por quem trabalha com computação gráfica: a Imagem Fractal.

    A Geometria Fractal descreve fenômenos da natureza de forma mais exata. As formas, na verdade, não são elementos geométricos montados. Árvores não são cilindros, com outros cilindros e cones, núvens não são círculos, girassóis não são estrelas, mas sim, como é definido pelo termo fractal, são “Objetos que apresentam auto-semelhança e complexidade infinita” (CONCI & AZEVEDO), ou seja, é a repetição eterna de cópias muito aproximadas de si mesmo.

    Descrevendo de forma mais simples, imagine uma onda no mar. A onda é feito de ondas menores que, por sua vez, são feitas de ondas menores. Assim como a nervura de uma folha, que se estende para nervuras menores e para outras nervuras menores ainda.

    Nervos da Folha

    Em 1854, o matemático alemão Bernhard Riemann descreveu o fenômeno de longitude e latitude com a afirmação de que linhas paralelas se encontram em um ponto: no polo.

    A descrição de Riemann leva a uma compreensão diferente, porém lógica, do universo. A forma como vivemos deixa claro não haver necessariamente um plano reto, mas sim, que tudo possui uma curvatura.

    Benoît Mandelbrot, em 1975, criou o termo fractal, baseado na interpretação de diversos trabalhos pelo mundo, que, diferente da geometria euclidiana resumida a 3 dimensões, mostra que é possível fracionar uma dimensão. Através do estudo de Mandelbrot, conclui-se que as paisagens terrestres possuem uma dimensão que ronda a “2.1”. Essa dimensão fracionada define o quanto a paisagem é irregular, o que mudaria de planeta para planeta.

    Conjunto de Mandelbrot

    O conjunto de Mandelbrolt e o Floco de Neve de Kock são exemplos de fractais. Hoje a simulação do fractal para uso da computação gráfica baseia-se nesses exemplos, onde é adicionado um fator aleatório para poder aumentar a irregularidade da forma. Montanhas, oceanos e lagos, nuvens, etc. são criados a partir de fractais. A lógica que leva a reconstrução tridimensional de um fractal possui várias aplicações nos ramos da medicina, engenharia, meteorologia, dentre outros, incluindo, claro, o design.

    Oceano Gerado Por Computador

    A Sequência de Fibonacci

    Anos antes da definição de fractal, matemáticos já se impressionavam com os padrões geométricos do que era natural, da forma como as conchas e samambaias se desenvolviam. É possível ver um padrão des semelhança em praticamente tudo o que é natural. Leonardo Fibonacci (1180-1250) sugeriu que seria impossível “subsistir algo se não for devidamente proporcional à sua necessidade”. Ou seja, que tudo precisaria de uma proporção, relativa ao que este é.

    Sugerindo o problema da reprodução de coelhos, Fibonacci conseguiu definir uma sequência proporcional nomeada como Sequência de Fibonnacci.

    Fibonacci sugeriu o problema dos Coelhos: Um casal de coelhos atingem a maturidade sexual em dois meses, a cada mês, um casal com maturidade sexual gera um novo casal. Considerando que as condições de reprodução desses coelhos sejam iguais, e ignorando qualquer problema genético, quantos coelhos teremos em N meses?

    A resposta e dada pela sequência, considerando cada mês e quantidade de casais, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55…

    A sequência de Fibonacci é uma referência a um padrão matemático proporcional, isto é, o numeral 1 equivale a uma variável, é uma representação de algo. Essa sequência se baseia que o número atual seja a soma dos dois números anteriores. Matematicamente representado por Fn = Fn-1+Fn-2, em um processo de recorrência.

    Sequência de Fibonacci

    A representação do Fibonacci em um fórmula fechada, é representada pela equação abaixo:

    Fórmula de Fibonacci

    Um modelo muito comum e geometricamente eficiente de demonstrar a sequência de Fibonacci é através do Triângulo de Pascal. O triângulo de pascal segue uma lógica recursiva, similar a de Fibonacci, onde se demonstra algumas propriedades dos números binomiais. Gerado a partir de cálculos simples, mas trabalhosos, uma notável característica que se assemelha a descrição de Fibonacci pode ser encontrada. A de que o número atual é o produto da soma do número acima e de sua diagonal. Ou seja:

    Triângulo de Pascal

    Esse é um comportamento bem interessante, mas onde está a relação com a sequência de Fibonacci? Com uma rápida olhada, não é possível visualizar, mas quando presta-se bastante atenção é possível ver a sequência de Fibonacci ao observar suas diagonais ascendentes.

    Fibonacci em Pascal

    A Sequência de Fibonacci descreve como as coisas podem crescer através da geometria fractal. Exemplos de como essa disposição numérica ocorre podem ser vistos em diversos elementos naturais, como as escamas de um peixe, o centro de um girassol, os flocos de neve e até mesmo a forma como as cores se formam na natureza. Para utilizar essa sequência, podemos obter a razão dela dividindo o número atual (n) com o número anterior da sequência e, a partir do terceiro número, vamos notar que há um certo padrão na divisão que se aproxima muito de um número bem interessante.

    Número de Ouro em Fibonacci

    Quanto maior o número da Sequência de Fibonacci em razão ao número anterior, é possível encontrar um número aproximado e cada vez mais próximo ao número de ouro, φ.

    O Número de Ouro

    Os gregos antigos eram amantes das formas. Na busca pela Physis, pelo belo, pelo sentido, em sua arquitetura, em suas esculturas e em várias formas de manifestação artística, buscavam encontrar padrões matemáticos. O pensamento do cidadão grego se fazia forte na racionalidade e a compreensão de fenômenos naturais para dar um sentido as coisas, dar um sentido ao mundo.

    Os gregos estudavam as proporções da natureza a partir de observações em imagens e sensações. A partir de um instrumento experimental chamado monocórdio, Pitágoras elaborou a escala musical usando como base uma proporção dois por um.  Essa proporção musical foi notada a partir da forma como a corda vibrava, se dividindo em seções menores, agradáveis, similares, porém em tons mais agudos.

    Essa mesma proporção foi observada em uma forma geométrica em especial: o pentagrama regular, utilizado como símbolo principal da sociedade Pitagórica e existente em vários exemplos na natureza. O pentagrama foi escolhido por suas peculiaridades exatas.

    O Pentagrama regular é obtido através das extensões das diagonais de um pentágono regular. Ou seja, como se as linhas do pentágono fosse esticadas até o momento que se encontram.

    Pentagrama Regular

    O que faz do Pentagrama algo realmente interessante é que a soma do comprimento das duas linhas mais curtas é igual ao comprimento da terceira linha, e a segunda e a terceiras linhas menores somadas são exatamente iguais a quarta. Essa característica foi chamada de Regra de Ouro, que gera a definição do que hoje é conhecido como Proporção Áurea.

    Pentagrama Regular

    A Proporção Áurea origina-se por uma razão recursiva específica de suas medidas e pode ser produzida infinitamente, descrevendo assim a natureza. Produz geometricamente o que talvez seja a forma básica mais usada nas artes: O Retângulo Áureo.

    O Retângulo de Ouro pode ser gerado ao infinito mantendo sempre a mesma proporção. Essa geração infinita gera o que é conhecido como a Espiral de Ouro (ou Espiral de Fibonacci), tendo este nome porque a base da Proporção Áurea segue a mesma lógica da Sequência de Fibonacci.

    Espiral de Fibonacci

    A Geometria Euclidiana então sugeriu o que seria conhecido como retângulo perfeito que é gerado a partir da divisão em média e extrema razão. Pode ser definido então como quando “a razão entre as medidas de comprimento do lado maior e do lado menor é um valor aproximado do número de ouro”. Mas como obter um Retângulo Áureo?

    Imagine um quadro perfeito. Agora encontre o centro de um dos lados. Você vai notar que o resultado é a divisão desse quadrado em 3 triângulos, sendo dois deles triângulos retângulos. Usando como raio a hipotenusa de um dos triângulos retângulos criados, e como centro de um cículo a metade do lado, podemos traçar uma curva que vai da outra extremidade da hipotenusa até a linha do centro do círculo. Completando as retas do quadrado até que se cruzem, é possível obter o que vem a ser conhecido como Retângulo Áureo, que leva esse nome por possuir as mesmas proporções que chegou as notas musicais e ao Pentagrama regular, ou seja, Possui a mesma Proporção Áurea.

    Retângulo de Ouro

    Mas afinal, qual é o valor algébrico dessa Proporção Áurea?

    Com o Retângulo Áureo, podemos perceber que a razão entre seus lados é igual a seu lado menor dividido pela subtração de seu lado maior pelo seu lado menor. Vamos considerar que o lado maior seja L e o lado menor seja X. Considerando que L=1 teremos 1/x = x/1(1-x), o que nos resulta em uma equação do segundo grau, escrita como x² + x – 1 = 0. Aplicando Bhaskara, podemos chegar ao valor negativo de -0.6180… e o positivo de 1.6180…, como proporções são consideradas apenas positivos, obtemos a Proporção Áurea, ou o Número de Ouro, conhecido como Phi, conclui-se que φ = 1.6180…

    A Aplicação do Número de Ouro no Design

    Por ser uma descrição matemática orgânica e que é repetida em vários elementos na natureza, visível desde a forma de crescimento de uma samambaia até na forma de uma galáxia, o número de ouro foi utilizado por várias escolas artísticas. Na arte grega e renascentista, o φ influenciou na arquitetura, na escultura e na pintura. Leonardo Da Vinci, em sua Gioconda, é um belo exemplo do uso da Espiral de Ouro nas proporções da Monalisa. Talvez um dos maiores exemplos do uso da Proporção Áurea seja o Homem Vitruviano, também de Da Vinci, onde este mostra as proporções perfeitas em um ser-humano.

    Arte e matemática são ferramentas fundamentais do design moderno, o uso do número φ se torna fundamental para a criação de artefatos visuais cada vez mais orgânicos e esteticamente admiráveis. Mesmo quando não feito propositalmente, o ser-humano tende a buscar esse número ou uma aproximação do mesmo.

    No design gráfico, a espiral de Fibonacci talvez seja a forma mais usada para criar uma leitura mais fluida dos elementos da imagem. Na diagramação de livros, por exemplo, o uso de retângulos áureos são usados para criar um espaçamento entre bordas mais confortáveis para a leitura.

    Livros com Retângulos Áureos

    Não diferente, o designer tende a utilizar uma razão mais próxima possível do retângulo áureo nas medidas dos papéis, as vezes, arredondando os lados para uma compreensão mais simples em produtos que exigem a medição do usuário ou específicas para determinadas máquinas. Todavia, optar por formatos padrões com proporção mais próximas ao retângulo áureo, ajuda a ter um resultado mais apropriado e orgânico.

    Qualquer artefato gráfico que exija uma melhor compreensão e objetividade na informação, como em revistas e interfaces gráficas para computadores, pode tirar um bom proveito da Proporção de Ouro e da Espiral de Fibonacci. Todos os produtos, ícones e marcas da Apple, por exemplo, são baseados na Espiral de Fibonacci.

    Um dos motivos pelo qual a interface do iOS, da Apple, parecer mais bem acabada que a do que a de outros Sistemas Operacionais móveis, é a proporção com a qual seus ícones são criados. A Apple disponibiliza uma guideline para ícones. Essas linhas-guia são criadas a partir da referência da Espiral e Fibonacci. Na verdade,  os quadrados que formam a espiral são transformados em círculos e centralizados. A Proporção Áurea tem seu uso recorrente na área de iconografia.

    iOS ícones

    A tipografia também é um estudo que utiliza as proporções áureas. Tanto a própria criação do tipo per si quanto a forma como ele é utilizado, a proporção áurea torna-se fundamental no planejamento. Para criar a tipografia, as Proporções Áureas são usadas para gerar suas formas.

    Helvetica Proporção Áurea

    Já no que diz respeito a utilização da tipografia aplicada em textos, podemos usar a proporção áurea para saber quais os diferentes tamanhos de tipos podemos usar em um artefato gráfico.

    1em  2em   3em  5em 8em

    O Número de Ouro é aplicável em qualquer cálculo matemático em que se busca uma proporção mais orgânica, é utilizável até mesmo em cores. O cálculo pode ser feito através de frequências ou calculando em números decimais por canal de cor. Já existem alguns aplicativos que tentam gerar essas cores baseadas em φ. Talvez a maneira mais eficiente seja calcular a paleta a partir de um Pentagrama Regular colocado em cima de um Disco Cromático de Newton.

    Na área de Design de Interação, é comum achar cálculos que respeitem o Número de Ouro e a Proporção Áurea na preparação de interfaces. Apesar de ser um processo dependente de tecnologias e diversos outros fatores relacionados a websemântica, é possível gerar guias que usam proporções para encaixar melhor elementos na página.

    Exemplos do Número de Ouro em UX

    Todavia o local onde o Número de Ouro é mais é lembrado, na área de Design Gráfico, são nas Identidades Visuais.

    Um designer gráfico geralmente cria o seu conceito no papel e quando vai finalizar sua marca, organiza suas curvas, espaçamentos e formas a seguir um padrão de grade que este cria. Esse padrão de grade, na maioria das vezes, é criado respeitando a Proporção Áurea e tende a ser seguido por todos os outros produtos e serviços relacionados à essa marca.

    Além da grade, a Proporção φ também é usada para gerar objetos de tamanhos diferentes mas respeitando a composição, deixando a aparência final mais fluida. Mesmo sem querer, os designers são condicionados a finalizar suas criações usando essas proporções, com o tempo isso se torna quase automático. Todavia, é importante o uso das Proporções Áureas até mesmo para criar um conceito estético ou se o desejo for desconstruir completamente a proporção para chegar no conceito e função da forma que está sendo projetada.

    Marcas Com Proporção Áurea

    Aqui mesmo na PortilloDesign, utiliamos Proporção Áurea e o Número de Ouro em alguns de nossos projetos.

    Projetos pela PortilloDesign

    Apesar da utilização do número de ouro ser importante em projetos gráficos, não significa que ele sempre deve ser sempre seguido à risca. Algumas vezes, dependendo do projeto, talvez o ideal seja não usar esses cálculos ou usar outras referências de grades. Todavia, para se quebrar uma regra, precisa primeiro conhece-la bem. Além disso, uso da proporção áurea não significa usar as formas redondas e retângulares que a ilustra, mas sim usar seus conceitos e cálculos para se chegar a uma forma ideal para o projeto. A proporção áurea é, como seu próprio nome diz uma referência de proporção e não exatamente da forma.

    Concluindo

    O Número de Ouro e a Proporção Áurea fazem parte de um conhecimento geométrico fundamental para o designer. A medida que os elementos naturais tendem a seguir a geometria fractal, simular esse efeito em seus projetos conduzem o designer a um acabamento mais agradável, tanto orgânico quanto esteticamente, aos olhos do observador. Além disso, a criação de grades baseadas nessas proporções ajuda como um estímulo à criatividade, definindo linhas e formas que podem ser transformadas na mente do criador.

    Vale lembrar que nem sempre estamos fazendo algo pensando na proporção áurea ou definindo uma grade em todos os projetos. Com o tempo, essas definições acabam se tornando intuitivas e o designer acaba por adicionar essas formas mentalmente, sem nem mesmo perceber. Esse fenômeno explica o porquê de designers mais experientes conseguirem, muitas vezes, concluir projetos complexos em menos tempo.

    Claro que, assim como os simulacros da computação gráfica, a adição de fatores aleatórios que quebram parte dessa proporcionalidade é algo muito bem-vindo, se usado com responsabilidade. O importante, em todo caso, é compreender como funcionam essas formas de desenvolvimento e a relação entre geometria, álgebra e geração de conteúdo usando essa tão desejada proporção 1.61, φ.

  • Design Contest ou A Fraude do Bom Trabalho

    Design Contest ou A Fraude do Bom Trabalho

    Esse tipo de site é uma forma anti-ética de se ganhar dinheiro em cima do trabalho alheio e de qualidade duvidosa. Muito de vocês já devem ter escutado falar sobre sites especializados em Design Contests (FastMarcas, 99 Design, Design Contest, WeDoLogos, Click to Layout e outras porcarias). Nada mais são do que vários concursos em que o cliente escolhe o artefato que vai levar para casa. Todos eles parecem bastante interessantes com promessas de bons pagamentos para o designer e de qualidade e escolha para o cliente. Mas, na realidade, esse tipo de site é somente uma forma anti-ética de se ganhar dinheiro em cima do trabalho alheio e de qualidade duvidosa, veja porquê.

    Como Funciona um Site de Design Contest?

    O Cliente faz um cadastro, lança um “briefing”. Diz que quer pagar, digamos, 200 reais. Então a empresa lança o concurso e manda por e-mail para algumas centenas de designers cadastrados. Esses designers lerão o que o cliente pediu e fará uma “logomarca”. O cliente então escolhe a que ele preferir e paga direitinho o designer vencedor… lindo, né? O Designer ganhou, a empresa ganha. Todos ficam com dinheiro garantido.

    Oportunidade de Design

    Como funciona DE VERDADE um Site de Design Contest?

    Um empresário desinformado (ou se achando o espertão), que não compreende o valor do trabalho de um design procura uma empresa qualquer para fazer o trabalho quase de graça. Então ele encontra um site como o We do Logos ou Click to Layout. Daí ele vê que tem a oportunidade incrível de ter centenas de designers à disposição por qualquer mixaria que ele oferecer. Então ele pensa: “Para quê eu irei gastar 8 mil com um designer? Se com 200 reais eu terei vários?”. Então o empresário, contrata a empresa de Concorrência.

    O dono do site de Concorrência, como é muito esperto, cobra, digamos, mais 50 ou 100 reais. E daí, quase sem custos (somente hospedagem e o desenvolvimento inicial do site e alguma coisa para manter as linhas de comunicação) ele manda o e-mail para micreiros, “sobrinhos” que se acham designers super hiper mestres Jedis, desesperados e alguns estudantes de alguma área de design que ainda não aprenderam ética ou não perceberam o quão danoso é esse tipo de padrão de negócios.

    Em seguida, esses “profissionais” passam horas de seus dias, já que possuem tempo disponível, fazendo umas “logos bonitinhas” no CorelDRAW ou Illustrator, a partir de pedaços de identidades visuais que eles encontram no Google Images. Estes então mandam duas, talvez três, variações dessa “logo bonitinha” e cruzam os dedos na esperança de ganhar um trocadinho para comprar uma bermuda na C&A.

    Então o empresário que contratou a empresa vai ver as “logos bonitinhas”. O cara não tem a menor noção de design e não entende nada de propaganda ou da importância da forma como a empresa dele será vista pelo público. Somente quer uma “logomarca bonitinha”. Daí ele vê aquela que ele mais simpatiza e pensa: “Sou muito comelão, escolhi a melhor e ainda paguei pouco”.

    No final, vários micreirinhos, sobrinhos e estudantes vão ficar chorando triste no canto da sala e ter extremas crises de depressão, talvez usando as marcas em algum portfólio feito no WIX, enquanto o ganhador, se achando agora “o designer” irá comprar sua bermuda. O dono da empresa de Design Contests estará rindo a toa, pois não teve trabalho nenhum e ainda arrumou coisa para colocar no seu portfólio e aparecer em programas duvidosos como o Pequenas Empresas Grandes Negócios que premia as empresas por quanto elas ganharam e não por seus valores e qualidades. Claro, com o auxílio de alguns consultores do Sebrae (não todos, mas boa parte), que incentivam os péssimos negócios para a área de Design Digital e Tecnologia.

    Logos Stock

    Qual o Resultado de Tudo Isso?

    O Cliente, que não tem obrigação de entender o que é design, escolhe a “logomarca” (sim, eu sei que é um termo incorreto) de acordo com seus gostos pessoais.

    Ou seja, não foi uma decisão feita por ser o melhor estudo de público, nem funcionalidade, nem por método heurístico, nem nada. Simplesmente foi escolhido no gosto e no achismo. Que resultado podemos esperar para essa empresa pelos olhos de seu público?

    Além disso, dezenas de pessoas que participaram dessa concorrência não receberão nada, mesmo se talvez tenha apresentado um projeto melhor. Ou seja, irão perder seu tempo em vão. Tempo que poderiam fazer coisas mais importantes, como estudar filosofia do design, cores, Bauhaus, psicologia, geometria, etc.

    Esse tipo de processo também causa uma desvalorização da área de design. O cliente comum irá acreditar que o preço para uma identidade visual, organizada e funcional será o mesmo que o de uma Concorrência. Isso criará um grande problema para argumentar sobre os valores que o designer de verdade está cobrando. As pessoas concluirão que design nem dá trabalho.

    Para a empresa de Design Contest, será ganhar dinheiro sem ter que fazer nada e ainda levar todo o crédito. Uma ideia inteligente, do ponto de vista monetário, mas extremamente anti-ética.

    Concorrência x Concurso

    Todavia, é necessário deixar claro a diferença de concorrência para concurso.

    Enquanto a concorrência trata-se de um trabalho comercial sob promessa de pagamento especulativo, o concurso se trata de uma atividade lúdica, premiada ou não, sem que a finalidade do artefato gráfico seja o uso comercial da mesma.

    Ou seja, a concorrência é “Me apresente algo para que eu use na minha empresa, se eu gostar.”, enquanto o concurso é “Vamos nos reunir e premiar o trabalho melhor para estimular o estudo da comunidade”.

    Por exemplo, em um concurso vários profissionais vão apresentar ideias, sobre um determinado tema, e discutir entre si. O projeto resultante é do profissional, assim como a decisão de seu uso. O prêmio vai ser entregue a alguém e o objetivo é lúdico, é diverti-se e dividir experiências.

    Concluindo

    Se você é designer de verdade, pule fora dessa. Nem relógio trabalha mais de graça, que tem que trocar pilha, ou parar para ficar dando corda.

    Se você é empreendedor, não caia em conversas de certos consultores de procurar coisas extremamente baratas ou de sites idiotas que fazem concursos. Se você PRECISA de um designer, então a decisão do que é melhor NÃO É SUA. Você pode e DEVE opinar, MAS NÃO DECIDIR. Você não contrata um profissional para dizer como deve ser feito o seu trabalho. No caso de design, diga o que espera do resultado e como quer que o seu público reaja. Mas as decisões de como isso será feito é do designer, afinal, é esse o trabalho dele.

    Ou seja, no final de tudo, o empresário vai acreditar que foi feito um bom trabalho, mas o mais provável é que seja horrível, pois a escolha de um profissional de publicidade e comunicação não é feita a partir de seu gosto individual, mas sim do que o público se agrada e precisa.

    Por último, se você é proprietário de um site de Design Contest… #FUCKOFF!

    Para atualização, segue o Artigo 12 do código de ética da ADG (Associação dos Designers Gráficos)

    Artigo 12º – O Designer Gráfico não deve, sozinho ou em concorrência, participar de projetos
    especulativos pelo qual só receberá o pagamento se o projeto vier a ser aprovado.

    1.  O Designer Gráfico pode participar de concursos, abertos ou fechados, cujas condições sejam aprovadas pela entidade de classe;
    2. Uma taxa administrativa justa pode ser adicionada, com o conhecimento e compreensão do cliente, como porcentagem de todos os itens reembolsáveis pelo cliente que tenham passado pela contabilidade do Designer Gráfico;
    3. O Designer Gráfico que é chamado para opinar sobre uma seleção de designers ou outros consultores não deverá aceitar nenhuma forma de pagamento por parte do designer ou consultor recomendado.
  • Design Flat e Simplicidade Não São Sinônimos

    Design Flat e Simplicidade Não São Sinônimos

    Zapeando pela internet, eu me deparei com um conteúdo bem interessante. Tratava-se de uma série de palestras para jovens profissionais – o que eu acho bem legal. Porém, uma dessas palestras falava sobre tendências, mais especificamente sobre o atual uso do Flat Design. O que me deixou um pouco preocupado é que o autor da palestra que insistiu em igualar Flat com Simplicidade: ”Flat = Simples”. Uma equação que simplesmente não faz sentido.

    O que é Design Flat?

    O Flat é uma tendência na área de design que busca criar imagens e conceitos objetivos, com o mínimo de informações possível, evitando o uso de formas que sugiram profundidade, daí o nome Flat.

    Para poder ser funcional, essas formas precisam ser mais simplificadas e todo o leiaute precisa conter uma alta quantidade de contrastes. Mas o Design Flat não é nenhuma novidade.

    O Flat na verdade é uma tendência que marca o retorno de um movimento artístico, muito forte nos anos 60, chamado Minimalismo. A história da arte mostra que as escolas são cíclicas, ou seja, tem o costume de sempre ser contrárias as anteriores, com pequenas modificações, as vezes através de movimentos de contra-cultura, as vezes simplesmente trazendo uma “inovação” – que na verdade é a recuperação de uma antiga tendência. Design não é arte, mas a arte é usada como ferramenta do design, logo, os movimentos artísticos influenciam diretamente no resultado de um projeto gráfico.

    The Rolling Stones - Exemplo de Minimalismo

    Esqueumorfismo

    Esqueumorfismo, ou Simulacro, é um conceito artístico que tende a imitar um objeto ou situação, mas de forma a deixar claro que ela é uma imitação, uma sugestão do real. No Design Esqueumórfico, costumamos dizer que aquele ícone, imagem ou leiaute busca a fácil identificação do usuário, baseado na sua semelhança direta com o objeto real. A ideia é que se o usuário já viu uma lixeira, então um desenho que parece-se clasramente com uma lixeira vai ser mais facilmente identificável.

    Esqueumorfismo no iOS

    O Esqueumórfico e o Flat na História da Interface Gráfica

    Com a chegada das interfaces gráficas, no começo dos anos 80, o design se encontrou em uma área ainda desconhecida, o design de interação. Agora, uma equipe necessitava definir regras de conceito para facilitar o uso de uma máquina, que era interagida não somente com o uso de um teclado, mas também de um dispositivo apontador chamado mouse.

    No início, toda computação gráfica era “Flat”. Isso porque os computadores simplesmente não tinham poder de processamento gráfico para gerar imagens mais detalhadas. Claro que computadores, na época, ainda eram equipamentos muito caros, então essa facilidade era importante, mas não tanto quanto hoje em dia, pois eram comprados, geralmente, por pessoas que já tinham algum conhecimento ou estavam sinceramente interessados em desenvolver-se e aprender mais sobre seu uso.

    Porém, com a popularização dos softwares de manipulação de imagens e processadores gráficos cada vez mais potentes, os profissionais de interação agora conseguiam gerar imagens mais similares a imagens reais. Isso encantou os olhos de empresários como Steve Jobs, que cresceram em épocas que o fazer isso simplesmente era impossível. Então, se agora era possível fazer, e isso fará com que meu usuário assimile mais rápido, então que se faça.

    Na metade da década de 90, houve uma explosão de ícones e leiautes cada vez mais realistas, chegando até mesmo ser uma espécie de desafio para os designers., assim como elementos arredondados (que agora eram mais fáceis de fazer), e isso gerou uma estética bem específica no final do século XX.

    Evolução OSX

    Todavia, os designers formados no final da primeira década do século XXI, cresceram vendo toda essa tendência do simulacro. Como dito anteriormente, os movimentos artísticos são cíclicos, logo, o movimento minimalista foi escolhido com a antítese ao esquemorfismo. Então, hoje, temos o Flat. Se o indivíduo cresce em um ambiente de uma tendência específica, o contrário tende a parecer mais inovador, mais moderno, pois está fora de seu escopo habitual de conhecimento.

    Por que Flat não é sinônimo Simples?

    É comum confundir o Flat com simplicidade, por suas formas serem mais minimalistas, mas isso não quer dizer que sejam mais simples. Na verdade, o Flat precisa de um conhecimento prévio e um entendimento do contexto social e cultural da mídia em que se está inserida. Ou seja, se você não souber do que se trata, você não vai assimilar.

    Não entendeu? Vamos a um exemplo. Olhe a imagem abaixo:

    Círculo Verde

    Então? Você entendeu o que é? Você sabe o que deve fazer com ele? Talvez olhar somente, talvez arrastar, quem sabe chacoalhar. A questão é que fora de um contexto ou sem prévia explicação, fica um pouco confuso a finalidade dessa símbolo.

    Porém pode ser questionado que o Flat foca no conteúdo e, geralmente, há uma mensagem, quase sempre escrita, para explicar a utilidade daquele símbolo (Vou pular o fato já conhecido de que ler uma palavra é muito mais complicado para o cérebro do que ler uma imagem). Então, vamos colocar um contexto no círculo para que ele ficar mais compreensível:

    Círculo Verde Com Caractere Chinês no Meio

    Ok! Agora ficou claro o que você deve fazer com esse círculo verde, correto? Não?

    Talvez não tenha ficado muito claro porque não é um símbolo que um usuário ocidental esteja acostumado. Ou seja, foi dada uma informação para explicar o que deve ser feito com esse círculo verde, ou o que ele representa, mas como o usuário não tem um conhecimento prévio da informação ou do contexto em que está inserido, não vai compreender o objetivo desse círculo. Além disso, o uso desse conjunto só será possível por pessoas que dominem esse idioma, reduzindo a quantidade de pessoas que poderiam ser atingidas com esse projeto.

    Agora, com esqueumorfismo, vamos fazer o mesmo símbolo:

    Botão Verde

    Ahhhh… agora está mais fácil de entender o que é. Okay, você ainda pode entrar no contexto que seja uma camisinha, um nariz de porco do AngryBirds, mas, para a maioria, irá compreender logo que é um botão. Ou seja, nesse caso, com o esqueumórfico, fica mais fácil para qualquer um entender o que deve fazer com esse símbolo. É um botão, logo, deve ser apertado. E, mesmo que eu não saiba chinês tradicional (estava escrito aperte), eu vou entender o que posso fazer com esse objeto na tela.

    Além disso, outras informações podem ser passadas, sem a necessidade de confundir ou passar mais informações ao usuário.

    Botões Verdes Esqueumórficos

    No exemplo acima, é mostrado duas situações do mesmo botão. Está sendo dito, sem palavras ou complicações, que o botão pode ser apertado e que o botão já foi apertado.

    O exemplo citado é um tanto específico, mas pode ser usado em diferentes situações. Um simples botão de REC (gravar), no meio de um aplicativo de gravação de voz, pode ficar confuso para um usuário mais leigo, que não tem o conhecimento prévio e a cultura acerca de um determinado símbolo. Além disso, mesmo se for usado mais elementos, a assimilação do usuário pode ser um pouco mais lenta, pois precisará processar, em seu cérebro, algumas analogias adicionais.

    Concluindo

    O Flat é uma tendência poderosíssima, que está em alta tanto como uma forma de antítese à cultura dos anos 1990 e 2000, como para facilitar a criação de interfaces que funcionem bem em diferentes resoluções. Porém, como mostrado no exemplo acima, o Flat não necessariamente será mais simples. Talvez, mais limpo, mas não simples.

    Para um usuário leigo é muito mais fácil, e simples, compreender uma imagem que ele já identifica em seu cotidiano e sua história de vida, do que ser inserido em um novo contexto social e cultural ao qual ele deverá se acostumar. Há pessoas que dizem (Como a Bia Kunze) que o uso do esqueumorfismo foi fundamental para a popularização dos dispositivos móveis.

    O que veremos, muito provavelmente, é que, com o tempo, o Flat encontrará uma posição melhor. Provável que, daqui a alguns anos, em um movimento na busca pela inovação, e o esqueumorfismo for esquecido, este volte a tendência com um novo nome. Talvez pela alcunha de mimetismo.

  • Qual a cor do vestido? Ou um ensaio sobre a percepção das cores

    Qual a cor do vestido? Ou um ensaio sobre a percepção das cores

    Há pouco tempo (da publicação deste texto), uma imagem começou a gerar certa polêmica nas mídias sociais, um vestido azul… ou branco?

    Vestido azul ou branco

    A dúvida que paira é porque algumas pessoas enxergam branco e outras azul e qual, afinal, é a cor do vestido?

    Muitas teorias pairam acerca disso. Seriam estas: o quanto o ser-humano está feliz, algo biológico e como os cones se comportam em cada indivíduo, etc. Mas, na verdade, a resposta mais provável está na psicodinâmica das cores.

    O que é cor?

    A cor é a forma como um indivíduo interpreta uma determinada frequência de um feixe luminoso. A cor não é um fenômeno físico, mas um fenômeno individual. Cada ser-humano interpreta as cores de forma diferente.

    A interpretação das cores se dá por três formas: biológica, cultural e sensorial. Ou seja, cada cor pode ser interpretado de acordo com fatores genéticos, com o ambiente social em que vivemos e/ou com a história de vida do ser humano.

    Biologia

    Existem dois grupos de células, cones e bastonetes que, unidas às células ganglionares, passam passam a informação luminosa para o cérebro. A teoria mais aceita é que os bastonetes interpretam a luminosidade, enquanto o três diferentes tipos de cones cuidam de interpretar as frequências dos feixes, vermelho, verde e azul. Todavia, isso não explicaria certos tipos de daltonismo. Por isso, há outra teoria que diz que há somente dois tipos de cones e não três, um que interpreta amarelo-azul e outro verde-vermelho.

    Cultura

    O meio em que cada ser-humano vive muda a forma como este enxerga e nomeia as cores. Se para a maioria a água é azul, uma outra cultura pode ter dado outra cor para a associação, indo de acordo com o que a sociedade enxerga. A água, então, poderia ser considerada verde ou vermelha, de acordo com o ambiente. Em alguns casos, algumas comunidades podem responder que depende da hora do dia. Independente do significado que cada cultura dá a uma cor, a interpretação das nuâncias também varia. Saber se algo é marrom ou laranja, verde piscina ou azul piscina, roxo ou violeta, vinho ou carmim, muda de acordo com o que o meio aceita e isso cria um “carimbo” na mente do indivíduo.

    Fenômeno Sensorial

    A interpretação das cores é relativa em cada indivíduo de acordo com o seu cotidiano. Simplesmente não somos capazes de reconhecer coisas que não conhecemos. A instrução visual é desenvolvida na infância e, quando adultos, a maioria do aprendizado é feito através de assimilações. Como, por exemplo, a associação de comparar um objeto que nunca viu com um outro objeto. O mesmo acontece com as cores. Criamos associações frequentes baseadas em nossa história de vida.

    Na imagem abaixo podemos ver duas imagens do Homem-Aranha, uma do segundo filme do Sam Raimi e a outra, mais recente, do filme de Marc Webb. Se fosse perguntado qual a cor do uniforme do Homem-Aranha, a resposta seria claramente azul e vermelho.

    homem-aranha-2-sam-raimi-cores

    espetacular-homem-aranha-2-cores

    A verdade é que as cores usadas na cena, causadas pelo filtro, e até mesmo as cores ao redor não são capazes de mudar, pelo menos não conscientemente, a ideia que sua herança de vida, seu conhecimento adquirido por anos, dá de que a roupa do Homem-Aranha é azul e vermelha.

    O filme Jogos Mortais – O Final é um outro bom exemplo, onde o sangue é rosa, pois esta cor trabalha melhor com a tecnologia 3D, todavia a sensação do espectador é que o sangue é vermelho, pois este tem um conhecimento prévio de que se trata de sangue e cria a associação com a cor.

    jogos-mortais-o-final

    Afinal de que cor é?

    Azul. Isso pode ser comprovado através de outros blogs de notícias e Tumblr da moça que publicou a imagem original.

    Então porque alguns enxergam branco?

    Pela internet há tentativas de explicar usando a diferença biológica de cada indivíduo (quantidade de cones e bastonetes) e até mesmo a diferença da calibração dos displays (monitores e celulares). O ponto falho dessas propostas de explicação é que algumas pessoas mudam sua opinião após algumas observações ou começam a notar outra cor, quando a cor predominante é visto ao lado. Além disso, as diferenças não se resumem a computadores diferentes. Pessoas diferentes, no mesmo dispositivo, alegam identificar cores diferentes.

    O motivo pelo qual algumas pessoas enxergam o vestido branco é por uma causa sensorial, pela identificação do objeto em relação a outros tons e experiências anteriores. Essas experiências fazem com o cérebro conclua que a cor é branca, mesmo estando em um ambiente em que outros fatores alterem a cor do objeto. Uma experiência anterior muito comum que deve ter sido gravada no cérebro para dar essa sensação é o por do sol.

    Cachorro olhando o por-do-sol

    A respeito da imagem acima, temos plena convicção de que o cachorro é branco. Sabemos disso, e se nos perguntarem a cor do cachorro, ninguém vai dizer que o cachorro é azul. Temos consciência e inconsciência de que ambientes no por do sol, que tem esse contraste, causam tons azulados em coisas que são brancas. O cérebro, já treinado com esses tons, cria a resposta instantânea de que o objeto é branco.

    Além disso, as cores predominantes na imagem são justamente cores opostas, que são complementares entre si, na escala cromática. A cor complementar tende a anular a outra quando sobreposta por meio de cores aditivas (emissão de luz), a confusão dificilmente aconteceria em um material impresso, por exemplo.

    Por que nem todos enxergam branco?

    Nem todos possuem uma história de vida igual. Algumas pessoas simplesmente não tiveram tantas experiências com esses tons de cores ou possuem outras experiências sensoriais que mudam a forma como é observada. Designers e artistas plásticos, por exemplo, acostumados a identificar pequenas diferenças em tonalidades de cores, tendem a ver o azul, pois identifica mais rapidamente a qual escala cromática pertence aquele tom.

    Então pessoas que tem experiência com cores conseguem identificar pequenas nuâncias de cinza, como cinzas azulados, cinzas amarelados, etc. Pois isso é usado, inclusive, para ajustar materiais impressos de acordo com a forma com que a gráfica coloca a tinta.

    Com o tempo a sensação da cor pode mudar, pois os olhos se acostumarão com os tons e se adaptará para compreender a imagem.

    E quanto ao preto e o dourado?

    Os tons pretos e dourados é mais por uma questão cultural do que sensorial. Claro que existe a questão do tom alaranjado da imagem ser reconhecido pelos olhos e a pessoa tender a aceitar que é preto. Mas a realidade é que o monitor não exibe dourado, mas marrom, logo, afirmar dourado é uma forma de falar por conta dele possuir tons que são comuns em objetos dourados. Então chamar aquele tom de marrom, dourado, ou preto é mais pela percepção cultural que se tem daquele tom, apesar de possuir um pouco da questão sensorial.

    Concluindo

    A capacidade do ser-humano de identificar cores em diferentes ambientes é o causador da confusão se o vestido é branco ou azul. O que fará com que uma pessoa identifique ou não o tom na imagem depende de suas experiências anteriores e meio social. Não tem nada de sobrenatural e anormal, mas é um efeito bem interessante que pode, deve e é aplicado em muitas áreas do design e artes. 

  • Quanto Custa Ser Designer?

    Quanto Custa Ser Designer?

    OBS: Este artigo recebeu atualizações com valores e propostas de 2017. Artigo Originalmente publicado em 2013.

    Tem vontade de ter um estúdio de design?  Ou talvez de trabalhar como designer autônomo? Pois saiba que os custos para a profissão é muito mais alto que a simples compra de um bom computador e uma cadeira.

    A ilusão criada de que é barato ser designer começa em parte pelo baixo custo dos computadores comuns (que podem ser divididos em diversas vezes “sem juros”) e pela popularização da pirataria, que possibilitou que qualquer pessoa adquirisse ilegalmente uma cópia funcional de programas como Photoshop, Illustrator e CorelDRAW. Além disso, cursos como SOS Computadores, Microlins, Microcamp, Cedaspy, Prepara, dentre outros com qualidade igualmente duvidável, criaram a ilusão de que para ser designer basta saber mexer ou brincar em alguns softwares gráficos, ignorando completamente o aprendizado teórico e relacionamentos.

    A realidade é que o custo para ser designer, além de computadores e software, incluem estudos, pesquisas e eventos. Abaixo, irei citar alguns custos que designers possuem para se manter, atualizar e/ou entrar na área. Lembrando que a ideia deste artigo não é desestimular, mas sim mostrar a realidade para aqueles que não tem ideia da complicação de uma empresa na área de design e comunicação.

    O Computador de um Designer

    Um computador para projetos gráficos é bem mais caro do que um computador para uso em escritórios ou doméstico. O custo de equipamento para um profissional de computação gráfica vai variar de acordo com o quê ele trabalha, se com impressos, 3D, vídeos ou relativos. De básico, pelo menos, 4 núcleos, 8GB de RAM, 1GB de vídeo, e, claro, um monitor com uma boa profundidade de pixels.

    Mas porque tanto se a um ano atrás podíamos trabalhar com um processador de 2 núcleos? A resposta pode ser resumida em uma palavra: Qualidade. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, é necessário que o estúdio se adeque a esse padrão de qualidade para que não fique atrás de concorrentes, podendo produzir trabalhos com melhores resultados e em menor tempo. O custo de um computador nessas configurações é de, no mínimo, 1900 reais, à vista, caso desktop e cerca de 2400 reais, caso notebook. Isto se você não comprar um Mac, que é mais ideal para a área, aí o preço subiria para pelo menos 8 mil reais para a compra de um iMac razoável ou a partir de 14 mil para um MacPro simples (sem monitor) – caso este indicado para produção de vídeos e 3D. Porém, quando se tem várias máquinas, tende a precisar repor peças defeituosas constantemente, além de ter HDs externos para salvar arquivos importantes e servidores de backup, ainda compra frequentes de acessórios mais específicos. Tudo isso fora os periféricos como caixas de sons, impressoras lasers, roteador, módulo isolador, etc.

    Alguns tipos de computadores e equipamentos usados por designers

    Os Softwares e Aplicativos para Design

    Outrora, o mais caro em um estúdio era o Software. Hoje isso mudou um pouco, não chega a ser mais tão caro. O Windows 8.1 Pro custa cerca de 600 reais por máquina, mais uns 700 de Office. Qualquer laptop vem com o Windows 10 e você pode comprar uma versão Pro por cerca de 450 reais, mais o custo de 60 reais ao ano pelo Office 365. Hoje a Adobe possui um plano muito aceitável de 120 de 220 reais por mês, para o pacote completo. Licença essa que pode ser usado em até duas máquinas ao mesmo tempo. E se você usar o 3DsMAX? Mais 9 mil reais (para pequenas empresas)…. Caro não é? Só que, imagine só! Ainda tem Antivirus, AntiSpywares, Windows Server (caso não use um servidor de backups Linux), dentre outros pequenos serviços que são necessários. Felizmente, essas empresas costumam ter versões mais baratas para estudantes (o pacote Adobe CC fica por cerca de 50 reais 72 reais por mês, por exemplo) e o 3DsMAX e AutoCAD pode ser conseguido gratuitamente, mas não use, por ética, licenças estudantis para trabalhos profissionais recorrentes.

    Caso você utilize um Mac, o custo com software é um pouco menor, o que compensa o custo do hardware. Porém há opções mais bem acabadas como o Pixelmator (editor de imagens), Coda 2(editor de texto), Affinity Designer (desenho vetorial – também disponível para Windows) e Sketch 3 (criação de interfaces gráficas), são exemplos de bons apps focados em design, por valores aceitáveis.

    Equipe de Profissionais da Área de Design

    Encontrar pessoas capacitadas para trabalhar é uma tarefa muito difícil e cara, pois apesar do que possa parecer, o mercado está realmente necessidade de profissionais de verdade. Vocês pode perguntar como isso é possível com tantos cursinhos por aí? A resposta está na pergunta: “cursinhos”. Muitos excelentes profissionais não tem formação na área, mas estudam, lêem, conhecem pessoas, participam de encontros e eventos, etc. Mas essas instituições caça-níqueis, que representam uns 80% dos cursos profissionalizantes, não ensinam absolutamente nada de importante para um designer. Porém, a maioria dos formados nesses cursos se sentem designers. Do mesmo modo, muitas faculdades e cursos técnicos não preparam o profissional para a carreira profissional ou confundem-se com o objetivo principal, que é comunicação, não arte.

    Um profissional de verdade, cadastrado na ADG ou outras associações, tem um custo elevado. Um estagiário na área deve ter uma ajuda de custo (não remuneração) mínima de 700 reais 1000 reais, chegando a 1500 reais, dependendo do estado. Um profissional júnior, mas com boa aptidão, deve receber em torno de 1500 a 2000 1800 a 2300 reais. Fazer um trabalho de estética, sintético, prático, comunicativo, matemático e entender o cliente e o público consumidor não é algo tão simples como parece. É uma área que exige conhecimento em diversas outras áreas, desde tecnologias avançadas à artes plásticas, teatro, psicologia, música, jornalismo e todas as áreas que seus clientes estão envolvidos.

    Custos Adicionais

    Para poder desenvolver sites e sistemas hoje em dia, faz-se necessário alguns custos com equipamentos específicos. Tablets Android e iPads, Smartphones e outros equipamentos móveis são necessários para a elaboração de sites e sistemas adaptados e responsivos. Infelizmente e felizmente, existem diversos modelos e sistemas operacionais móveis, com diferentes resoluções e propostas. Isso pode gerar um custo de alguns milhares de reais a mais, dependendo do tipo de serviço que o designer/estúdio oferecer.

    Vale lembrar que é importante que o contrato contemple a adaptabilidade do projeto. Para desenvolver esse contrato é ideal contratar um advogado ou consultoria empresarial, pode ser iniciante, para que revise ou elabore um padrão desse contrato (e assim você possa reutilizar). Isso pois não é difícil encontrar casos de ter que trabalhar mais tempo refazendo coisas que o cliente exige por conta de um contrato mal formulado.

    Nos custos adicionais, ainda devem ser pensado custos com cursos de atualizações, livros para referências e ida a diversos eventos na área de tecnologia e design. Com o tempo, treinamentos específicos de oratória, coaching e outros executivos são necessários para garantir uma melhor apresentação perante os clientes.

    Custos de decoração e acessibilidade no escritório também são necessários. Isso é importante para manter a identidade da empresa perante visitantes e funcionários.

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    Impostos

    O custo em impostos é de cerca de 25% em cima de cada serviço, quando contado as custas do ISS e do contador. Isso sem contar o valor no caso de você ter empregados e não sócios. Lembre-se que as empresas ligadas a tecnologia precisam ser abertas em sociedade e não há como atrelar ao Simples Nacional.

    Felizmente, desde 2015, empresas de TI podem ser inclusas no Simples Nacional, todavia, ainda precisam ser sócio, caso queira abrir uma pequena empresa. O custo em cima do imposto sobre serviço é de 5%, porém é necessário verificar o preço do contador, que pode variar por região ou empresa. Uma alternativa seria procurar outros designers e montar uma cooperativa, os custos de ISS continuariam os mesmos, porém você poderia diluir melhor os custos com infraestrutura e outros impostos.

    Como uma dica rápida, fuja do MEI (Micro Empreendedor Individual) para a área. Apesar de parecer ser uma boa proposta, visto a redução de impostos, você fica limitado a um valor mensal de 5 mil 7 mil reais em nota. Ou seja, caso você passe desse valor em um mês que seja, você já é obrigado a mudar para outra uma empresa normal, com sócio e tudo mais e fechar um MEI é tão difícil quanto fechar qualquer empresa, então não é uma boa ideia para a área.

    Estúdio de Design

    Como qualquer outra empresa, um Estúdio precisa de um local fixo. Não dá para ser na garagem de casa para sempre. É necessário alugar uma casa ou salas comerciais. É preciso pagar contas de água, luz (bem caro, por sinal), telefone (nossa, aí é que é caro mesmo), hospedagens e servidores, contador e internet (que precisa ser super-rápida para atender a demanda e prazos). E não vamos esquecer os produtos de limpeza, higiene, materiais de escritório, mesa, cadeiras ergométricas, etc.

    Horários de Trabalho de um Designer

    É muito normal um profissional de TI passar noites e madrugadas acordado, seja trabalhando ou refletindo em algo relacionado ao trabalho. Por mais que o cliente diga que seja algo rápido, certamente vai ser bem demorado.  É comum o cliente acabar atrasando o projeto, por manter aprovações em segundo plano ou demorar para responde-las. Lembre-se que os últimos 10% do trabalho demorará o mesmo tempo que levou com os outros 90%.

    Remuneração

    Mas o maior problema de todos é a inadimplência. Alguns clientes pensam, graças aos boatos tecnológicos e maravilhas da ficção, que o computador faz tudo sozinho. Por isso, às vezes simplesmente ignoram pagar todo o serviço, como se a parte que pagaram fosse suficiente, mesmo o valor sendo totalmente acordado em um contrato. Quando isso acontece, é necessário muito jogo de cintura, e, por muitas vezes, deve ser ignorado para evitar que o seu nome entre em casos que possam sujar a imagem do Designer ou da Empresa. Somente em último caso o contrato deverá ser reclamado.

    Em outro artigo, abordaremos o assunto sobre o quanto cobrar e como cobrar, baseado em seus custos fixos e investimento inicial.

    Como iniciar um negócio?

    Todavia, uma empresa pode ser iniciada com recursos menores sim. Não há problemas que dois amigos se juntem, com seus computadores e softwares e comecem um negócio pequeno. A única coisa que deve ser lembrada é que se deve sempre pensar no ponto de vista legal. Que impostos devem ser pagos, notas devem ser passadas e deve seguir a ética e conduta para poder manter um mercado sólido, saudável e competitivo.

    É totalmente possível iniciar o trabalho como autônomo, para isso é necessário fazer um cadastro na prefeitura (CIM) e tirar nota fiscal avulsa para serviço (você consegue diretamente na prefeitura – ou subprefeitura – ou órgão autorizado). Além disso, você deve possuir boas máquinas e um local para reuniões. No começo, você pode optar em marcar reuniões em cafeterias ou restaurantes, enquanto tratar de empresas pequenas, mas com o tempo é necessário um local organizado e personalizado para receber o cliente.

    Mac aberto de lado em um escritório

    Como autônomo, você precisaria de:

    • Laptop ou Computador;
    • Mesa e Cadeira confortável;
    • Internet de Qualidade;
    • Impressora Jato de Tinta;
    • Materiais de desenho e rascunho como Papel, Nanquim e Lápis;
    • Custo de Software (Como Adobe CC);
    • Livros e Treinamento.

    Isso gera um custo fixo de cerca de 300 reais a 500 reais 500 reais a 1000 reais por mês mais um investimento inicial de cerca de 5 a 10 mil reais.

    Para um escritório, você deve adicionar ainda todas as questões legais, local de trabalho, mais computadores, etc. O ideal é que quando você for mudar de autônomo para empresa, procure uma consultoria, contador ou amigos da área que já passaram por essa situação.

    O custo inicial para um estúdio de design gira em torno de 40 mil reais iniciais, tendo um custo fixo mensal de 1.5 a 2 mil reais 2 mil a 4 mil reais iniciais.

    Fique claro que esse custo varia de estado para estado. Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, os custos são muito maiores do que como Tocantins ou Rio Grande do Norte.

    Conclusão

    Diante de tantas adversidades, fica claro que manter um estúdio de design não é tão simples quanto muitos fazem parecer e nem é aquela “festa de Baco” ou um “chocolate quente”. Muito além do que possa parecer, um estúdio de design é sinônimo de dor de cabeça, noites em claro, stress e litros de café. Mas quando o seu trabalho é reconhecido, e bem pago, faz com que tudo valha a pena.